Quando se fala em patrimônio, muita gente pensa logo em casarões antigos ou monumentos históricos. Mas, em Belo Horizonte, patrimônio é muito mais do que pedra e cal. É o cheiro da comida no Mercado Central, o samba na Lagoinha, a fé nos sinos da Igreja da Pampulha. É tudo aquilo que faz parte da identidade coletiva e da memória afetiva da cidade.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) define o patrimônio cultural brasileiro como o conjunto de bens — materiais e imateriais — que carregam significado histórico, artístico, estético, afetivo ou identitário para a sociedade. Esse patrimônio é protegido por lei com base no artigo 216 da Constituição Federal de 1988.
Em BH, o patrimônio material inclui construções icônicas como a Igreja de São Francisco de Assis, projetada por Oscar Niemeyer, com jardins de Burle Marx e painéis de azulejos de Portinari — um símbolo modernista reconhecido internacionalmente. Outro exemplo é o Conjunto Arquitetônico da Praça da Liberdade, que abriga o Circuito Liberdade e reflete o passado político e cultural da cidade. Merece destaque ainda a Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, reconhecida como patrimônio histórico e cultural de natureza material e imaterial.
Embora, o Museu do Inhotim, em Brumadinho, ainda não seja reconhecido oficialmente como patrimônio pela UNESCO, não tem como negar ser um dos maiores museus a céu aberto do mundo, tendo cerca de 700 obras de mais de 60 artistas, de quase 40 países, expostas juntamente a mais de 4,3 mil espécies botânicas, advindas de todo o continente é um lugar que vale ser visitado e desbravado.
Mas o patrimônio também vive na boca do povo. Entre os bens imateriais oficialmente reconhecidos estão o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal — declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO —, o Carnaval de Rua de BH e o Congado, uma das manifestações culturais mais importantes de Minas Gerais, reconhecido como patrimônio imaterial do estado em 2024.
Os produtos do patrimônio são diversos: vão desde a preservação de edifícios históricos e museus até a valorização de festas populares, culinária típica, manifestações religiosas e artísticas. Eles geram pertencimento, turismo e renda. Um exemplo é o próprio Mercado Central, tombado como patrimônio e que movimenta milhões ao ano, mantendo tradições vivas em forma de sabores, cheiros e sotaques.
Entender o que é patrimônio em BH é reconhecer que nossa cultura é feita de muitas camadas: da arquitetura aos quitutes, do batuque ao silêncio das igrejas, da tradição à transformação. Valorizar esse patrimônio é garantir que a alma da cidade siga pulsando — ontem, hoje e amanhã.’
Por Suelen Ogando
Jornalista | Apresentadora do Programa Ei, Gente!