Por: Erlaine Grace
Em situações de emergência, segundos podem significar a diferença entre a vida e a morte. Quando alguém liga pedindo socorro, seja para a Polícia Militar, para o Corpo de Bombeiros ou para a Polícia Civil, o tempo de resposta é essencial. Mas em muitos casos, quem faz o chamado está em desespero, em choque ou não consegue informar o local exato do acontecimento. Pensando nisso, o Governo de Minas Gerais lançou um sistema inédito no país: o SILOQ – Sistema de Localização, que identifica automaticamente o endereço exato das chamadas feitas para os números 190, 193 e 197. A tecnologia promete revolucionar os atendimentos de emergência em todo o estado e salvar inúmeras vidas.
O sistema foi apresentado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) em Belo Horizonte e já começou a funcionar integrando as centrais de atendimento da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros. O SILOQ utiliza dados transmitidos automaticamente pelo celular de quem liga para os serviços de urgência. Assim que a chamada é realizada, o sistema cruza as informações de geolocalização e envia, em tempo real, o endereço exato da ocorrência para as centrais das forças de segurança. Dessa forma, os atendentes conseguem acionar imediatamente as viaturas e equipes mais próximas, sem depender da descrição verbal do solicitante, que muitas vezes é confusa ou imprecisa.
Esse avanço representa uma mudança estrutural na forma de atendimento a emergências em Minas. Até então, a localização de um chamado dependia exclusivamente das informações prestadas por quem ligava, o que frequentemente atrasava o socorro. Em casos de violência doméstica, por exemplo, a vítima pode não ter tempo nem segurança para dizer onde está. Com o novo sistema, o simples ato de ligar já basta para que o endereço seja identificado, mesmo que a ligação caia ou a pessoa não consiga falar.
Durante o lançamento, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, destacou que o SILOQ vai permitir uma resposta mais rápida das forças integradas e tornar os atendimentos muito mais precisos. Segundo ele, o sistema é especialmente importante em situações de vulnerabilidade. “Essa questão do endereço vai facilitar muitos atendimentos, principalmente de violência doméstica. Muitas vezes a mulher só tem o tempo de fazer uma ligação rápida, escondida, sem poder dar muitos detalhes. Agora, com o SILOQ, os profissionais conseguem identificar imediatamente onde ela está”, afirmou.
O secretário também lembrou que a tecnologia vem para reforçar a integração entre as polícias e o Corpo de Bombeiros dentro do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), estrutura que já centraliza a atuação conjunta das forças de segurança do estado. “O sistema vai permitir mais agilidade e assertividade nos deslocamentos, com as equipes indo direto ao ponto da ocorrência, sem perda de tempo. É um avanço enorme para o serviço público e para a proteção dos mineiros”, completou.
Mas o SILOQ não serve apenas para agilizar o socorro. Ele também atua no combate a um problema antigo e grave: as ligações indevidas e os trotes. Somente até o mês de agosto deste ano, as centrais de emergência registraram mais de 11 mil trotes. Em um cenário em que cada segundo conta, uma ligação falsa ocupa linhas, atrasa atendimentos e pode custar vidas. Rogério Greco reforçou que o sistema também tem o papel de coibir esse tipo de comportamento. “Essa ferramenta veio para inibir as ligações indevidas e reforçar a eficiência do sistema. O trote é um problema grave. Enquanto alguém ocupa a linha com brincadeira, outra pessoa pode estar em perigo real e deixar de ser atendida a tempo”, destacou o secretário.
O superintendente de Integração e Planejamento da Sejusp, Bernardo Naves, alertou para a importância de conscientizar a população sobre o uso responsável dos serviços públicos. “Os adultos precisam conscientizar as crianças e os jovens. Muitas vezes, eles ligam só por curiosidade, sem entender que isso pode atrasar o atendimento de quem está passando por um problema grave”, explicou.
Bernardo Naves acrescentou que o SILOQ vai permitir rastrear com mais precisão a origem das chamadas, o que pode ajudar o Estado a desenvolver campanhas educativas direcionadas às regiões com maior incidência de trotes. Ele lembrou que o sistema é uma ferramenta tecnológica, mas também educativa, porque mostra à sociedade o impacto real de atitudes irresponsáveis. “Enquanto a gente faz uma ligação por trote, está ocupando a vaga de quem realmente precisa do atendimento. É muito grave, né, gente? A gente precisa mudar essa cultura”, afirmou.
O novo sistema também contribui para reduzir erros humanos no atendimento. Antes, operadores precisavam anotar endereços ditados às pressas, o que muitas vezes gerava equívocos, principalmente em locais sem referência clara. Com o SILOQ, o risco de erro diminui drasticamente. As coordenadas geográficas chegam diretamente no painel da central, garantindo precisão e economia de tempo. Essa automação permite que os operadores concentrem esforços em orientar a vítima e preparar o envio das equipes, em vez de tentar descobrir onde ela está.
Outro diferencial é a integração entre as forças. O SILOQ possibilita o compartilhamento de informações entre Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros em tempo real. Isso significa que, se um acidente exige a presença de várias equipes diferentes, como ambulâncias, policiais e bombeiros, todas são acionadas de forma simultânea e coordenada. Essa sincronia evita sobreposição de esforços e garante uma resposta muito mais rápida.
O secretário Rogério Greco destacou ainda que o SILOQ reforça o uso da tecnologia na gestão pública de segurança e posiciona Minas Gerais entre os estados mais inovadores do país. A iniciativa segue o modelo do Smart Sampa, em São Paulo, que também integra dados de geolocalização, mas Minas avança ao conectar todas as forças estaduais em um mesmo sistema. “A gente torce para que os profissionais estejam sempre preparados, que percebam rapidamente qual é a situação e sejam ágeis no deslocamento. Isso vai resolver muitos problemas e ajudar muita gente”, disse.
O impacto da nova ferramenta também será sentido nos atendimentos de saúde e em situações de risco que envolvem crianças, idosos e pessoas com deficiência. Bernardo Naves explicou que, muitas vezes, quem liga para pedir socorro não consegue dar informações precisas por estar nervoso ou em choque. “Até crianças, né? Às vezes elas não sabem identificar o endereço. E em situações de nervosismo, a gente acaba esquecendo detalhes. Essa tecnologia vai ajudar muito nesses casos”, afirmou.
Ele também citou o exemplo de adultos em situação de pânico que não conseguem lembrar informações básicas. “Às vezes a pessoa está em um acidente, sozinha, e não consegue descrever o local. O sistema faz isso por ela. Vai ajudar o Samu, os bombeiros, a polícia, todos os serviços que dependem de agilidade”, explicou o superintendente.
Além de reduzir o tempo de resposta, o SILOQ permitirá ao governo monitorar estatísticas e padrões de chamadas, identificando áreas mais críticas e horários de maior incidência de emergências. Esses dados poderão ser usados no planejamento de políticas públicas e na prevenção de ocorrências, reforçando a atuação das forças de segurança antes mesmo que os problemas aconteçam.
Para os operadores e atendentes das centrais, o novo sistema representa uma mudança na rotina de trabalho. Agora, as telas de monitoramento exibem a localização exata das chamadas, permitindo uma comunicação mais eficiente com as viaturas. Isso também ajuda na segurança das próprias equipes, que passam a ter informações mais detalhadas antes de chegar ao local da ocorrência.
O SILOQ também deve ajudar a reduzir custos operacionais. Com deslocamentos mais precisos e atendimentos mais rápidos, o uso de combustível, tempo e recursos humanos é otimizado. Essa eficiência é fundamental em um estado com dimensões territoriais tão grandes quanto Minas Gerais, onde as ocorrências acontecem simultaneamente em regiões urbanas, rurais e de difícil acesso.
O SILOQ também abre espaço para parcerias com empresas de telefonia e tecnologia. A integração de dados entre o sistema público e as operadoras é essencial para garantir a precisão das info