Agora é oficial: a antiga Praça da Independência, no coração de Belo Horizonte, passa a se chamar Praça Fuad Noman. Uma mudança que vai além da homenagem a um ex-prefeito, falecido em março deste ano: é um símbolo de algo maior. A praça, que por anos foi sufocada por um anexo construído de forma questionável nos anos 1980, finalmente respira com dignidade.
Naquele tempo, o chamado “puxadinho” foi erguido com apoio político e pouco compromisso com o interesse público. Um improviso permanente, no pior sentido, que desrespeitava o projeto original do arquiteto Roberto Capello, que desenhou os edifícios Sulacap e Sulamérica, e entre eles um espaço de convivência. Mas esse erro foi consertado. O anexo caiu, e no lugar dele voltou a existir uma praça, uma verdadeira praça.
O gesto de Fuad Noman, ao dar as primeiras marretadas na demolição em 2024, foi mais do que simbólico. Representou a disposição de reconhecer falhas históricas e, sobretudo, de agir para corrigi-las. Foi ainda em 2018, quando a Campanha Janela Aberta, capitaneada por artistas, arquitetos e urbanistas, além de outros entusiastas da cidade, chamou a atenção para o equívoco do urbano.
O nome da campanha pela demolição do anexo não poderia ser mais simbólico: “Janela Aberta”. Com o fim do puxadinho, abriu-se uma nova perspectiva para a cidade, e literalmente. De novo se enxerga o Viaduto Santa Tereza ao fundo, um dos cartões-postais mais queridos de BH, bem mais agradável do que o concreto mal colocado que ocupava o lugar.
Essa praça é, hoje, um lembrete de que erros urbanos podem — e devem — ser reparados, mesmo que décadas depois. Não se trata só de paisagem urbana, mas de respeito à memória, ao espaço público e à população.
Nomear a praça em homenagem a Fuad é também reconhecer que liderança política se faz com coragem e decisão, ainda mais quando é preciso contrariar o comodismo institucional. Que essa história sirva de lição para o presente e o futuro da nossa cidade: reconhecer o erro é importante, mas consertá-lo é ainda mais.