O agro e a nova fronteira de negócios em Minas Gerais

Minas Gerais é um dos principais estados de produção agrícola do Brasil. Se fosse um país, seria o maior produtor de café do mundo. Somente em 2024 foram 28 milhões de sacas – algo em torno de 46,9% de toda a produção mundial, em sua grande maioria colhido por pequenos produtores. Com a cana-de-açúcar, os mineiros são responsáveis pela produção de 12,5% de todo volume brasileiro. A cena se repete quando falamos de outras culturas: como batata inglesa, com 30,6% do volume colhido no país; feijão, responsável por 16,4% da colheita do grão e banana, com quase 12% da safra nacional. 

 Quando se fala em pecuária, os números também são importantes. Minas tem o maior rebanho de equinos (cavalos) e de cotonicultura (codornas) do Brasil, com participação de 13,59% e 16,8% respectivamente. O rebanho de bovinos, tanto para corte como para produção leiteira, chega a 22 milhões e 500 mil cabeças, 9,4% do total brasileiro. 

 Desde o ano passado, as exportações agrícolas têm sido o principal motor do volume do que Minas vende para o mundo. Nos primeiros quatro meses deste ano, já foram US$ 6,4 bilhões, o que representa 46,3% de todos os valores captados no exterior com venda de produtos. Se analisarmos os dados do mesmo período do ano passado, quando as cifras chegaram a pouco mais de US$ 5,1 bilhões, o agro representava 37,9% de tudo o que Minas vendeu ao mundo. 

 

 Linhas de crédito e superintendência de agro 

 Voltando os olhos para esta fronteira de negócios cada vez mais crescente, foi criada há menos de dois meses, a Superintendência de Agronegócios do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Para se ter uma ideia, somente em 2024, o agro foi responsável por quase 50% dos R$ 3,5 bilhões liberados em crédito pelo BDMG. Com a nova superintendência, a expectativa é de aumentar estes valores já que a função dela é identificar gargalos de negócios, principais necessidades e oportunidades do agronegócio mineiro para captar e disponibilizar linhas de crédito e recursos para incrementar ainda mais o setor em Minas Gerais. “Minas Gerais tem a vantagem de ter um banco que capta recursos que serão usados somente no estado, nas necessidades e potencialidades e, é essa a nossa missão com a criação desta superintendência “, afirma Marcela Brant, chefe da divisão do BDMG. 

 Duas das primeiras iniciativas foram anunciadas nesta semana. A primeira delas foi reduzir a taxa de juros da linha de crédito para capital de giro disponibilizada, por meio das cooperativas de crédito, para pequenos e médios produtores rurais. Os financiamentos, que podem ser contratados até 30 de julho, terão taxas de 1,22% ao mês e prazo de pagamento de até 36 meses, com 12 de carência. Dados do próprio BDMG mostram que em 2024, os contratos do banco com as cooperativas de crédito que atuam no agronegócio cresceram 193%, somando R$ 264 milhões em financiamentos liberados com foco nos pequenos produtores rurais. Em entrevista ao Rede Notícia, a superintendente de agronegócios do BDMG, Marcela Brant, destacou que a contratação das linhas de aporte financeiro pelos produtores junto às cooperativas diminuí a burocracia e agiliza a liberação dos recursos. “São entidades que tem um histórico de relacionamento com estes produtores, sabem a capacidade de endividamento deles, assim como tem mais subsídios para orientá-los quanto as reais necessidades para direcionar este dinheiro”, explica Brant. 

 Outra frente de ação da nova superintendência do BDMG foi celebrada nesta quinta-feira e se refere a uma nova parceria com o Banco Europeu de Investimentos (BEI). Serão cerca de R$ 170 milhões em crédito para iniciativas em energia solar. “Estes recursos vão poder ser usados tanto para o produtor que quer montar ou incrementar uma fazenda fotovoltaica ou para quem quer montar uma usina para suprir as necessidades do seu empreendimento rural”, explicou Marcela Brant. 

 A geração de energia solar no estado alcançou este ano a marca de 12 gigawatts (GW) de potência fiscalizada, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Um crescimento de mais de 90% desde 2019. Toda essa potência produzida por usinas fotovoltaicas mineiras corresponde a 85% da capacidade de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo. 


Por André Santos
Jornalista e Apresentador do Rede Notícia
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