Crise na CBF: Como a Política do Futebol Brasileiro Virou Motivo de Vergonha Nacional

 Há algum tempo, nem me lembro bem quando, fomos conhecidos como o país do futebol. Não somos mais. Hoje, temos uma Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que nos enche de vergonha.  

 Os motivos são muitos: eleições onde apenas se diz “amém”, presidentes eleitos que não têm o menor conhecimento sobre a nossa realidade, sem compromisso e nem identificação com o futebol. Dirigentes que nunca apresentaram um planejamento para resgatar nossa essência e melhorar o esporte. 

Somos um povo com habilidade e criatividade para superar dificuldades, mas nos faltam bons exemplos e inspiração. O que temos visto são dirigentes que são sempre beneficiados, especialmente no bolso. Nem preciso mencionar casos, como o que afastou do cargo, o ex-presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, por falsificação de assinatura. 

 A CBF e as federações criaram um círculo vicioso, envolvendo “suga-sangues” que se enriquecem com salários astronômicos e se perpetuam no poder. O último presidente da CBF recebia quase quatrocentos mil reais por mês, enquanto os presidentes das federações estaduais recebem mais de duzentos mil reais. Um absurdo. Algo completamente fora da realidade e que não se justifica. 

 O pior é que esses dirigentes transformaram as federações em verdadeiros feudos. E não são cobrados devidamente pelos clubes de futebol, que preferem aplaudir e fechar os olhos para este descalabro. Até quando este sistema corrompido vai continuar? O futebol é cúmplice desses erros e favorecimentos a uma elite de “coronéis do futebol”. Este sistema se autoalimenta, beneficiando clubes e federações que, apenas aclamam os candidatos indicados pelo sistema. 

 Por isso, quando 20 clubes das Séries A e B do futebol brasileiro resolvem protestar, não comparecendo à aclamação do novo presidente da CBF, Samir Xaud, uma pequena esperança renasce. É só lembrando, nesta eleição, como as federações votaram em peso em Xaud. Ele não teve concorrente e tem em seu histórico, o “relevante” cargo de presidente da Federação de Futebol de Roraima, sucedendo seu pai, que ocupou o posto por cerca de 50 anos. Dá para acreditar nisso? Um coronel que deixou a federação de Roraima como herança para o filho. 

 E o mais alarmante: Roraima tem apenas um time na Série D do Campeonato Brasileiro. Ou seja, não há meritocracia e nem bagagem suficiente para que Samir gerencie uma confederação que, movimentou, em 2025, cerca de R$ 1,5 bilhão. 

 Enfim, que a atitude destes clubes seja o início da mudança. Quem sabe assim possamos voltar a viver os bons tempos do futebol brasileiro, inclusive com ética e transparência. 


Por Junior Brasil
Jornalista e Apresentador do Programa Bola Rede
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